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Mori & vivere

Susan Duarte
7 de jun. de 2022
2 min de leitura

Atualizado: 15 de fev. de 2023

Memento mori.

Pensar na morte, ou seja, na finitude da vida, eleva a minha consciência à verdadeira apreciação da existência.

Diante da morte, todas as nossas desculpas e temores se dissolvem. Vivemos distraídos, como se fôssemos infinitos... E não somos. Sabe a sua vida, seus problemas, opiniões, gostos e desgostos, triunfos e fracassos? Pois é. Tudo isso vai acabar.

Resumindo a ópera: você vai morrer; eu também.

Trágico? Depende do ponto de vista.

A morte em um cavalo branco. William Blake, 1800.

Eu, inclusive, afeita a (boas) surpresas que sou, adoro a ideia de sequer saber quando. É libertador e torna tudo ainda mais excitante.

A vida sem ciência é uma espécie de morte.

Sócrates.

Eu não fui a primeira a pensar na morte como parâmetro de uma boa vida.

Lá na Grécia Antiga, os filósofos estóicos já faziam isso - e nominaram tal prática de memento mori.

Lembrar da morte, o derradeiro fim, pode, sim, conduzir a uma vida melhor.

Séneca, Estóico. Desenho de Peter Paul Rubens.

O homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando na realidade, não depende dele o viver muito, mas sim o viver bem.

Séneca. 4a.C-65d.C.

Não perder a morte de vista é um jeito de não desperdiçar a vida.

Quando me percebo hesitante, com medo disso ou daquilo, fugindo aqui e acolá, pensar na morte, no fim, faz-me desejar fazer algo de interessante com esse meio.

Do começo e do fim só tenho ciência (não é, Sócrates?) - é no meio que eu aconteço, é nele que posso viver - ou me esconder.

Eis o paradoxo da escolha - até não escolher nada é uma escolha. Sempre há escolha. Pense nas suas - vida&morte&escolha. E escolha, de modo consciente, como viver antes morrer.