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Asas da liberdade

Susan Duarte
17 de mai. de 2022
2 min de leitura

Atualizado: 14 de fev. de 2023

Semana passada no Dizeres #2 falei sobre os sonhos.

Se o princípio de um sonho é dar asas à imaginação, sua consequente tentativa de realização demanda manejar essas mesmas asas para saltar na realidade - no vazio, no campo das possibilidades, onde tudo pode acontecer, inclusive nada. Lide com isso.

As asas da imaginação sustentam o voo da realidade.

Rubem Alves, numa livre interpretação da obra Os Irmãos Karamázov do russo Fiódor Dostoiévski, descreveu o ponto de inflexão em que, usualmente, ficamos presos em marcha ré diante de um sonho: entre o desejo de realizar e o medo (paralisante) de tentar.

Se você já sonhou e realizou, reconhecerá no ato tal inflexão. A sensação do voo, aquele frio na barriga, não são eventos passíveis de esquecimento nessa vida.

"Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura.

Para voar é preciso ter coragem de enfrentar o terror do vazio.

Porque é só no vazio que o voo acontece.

O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas.

Mas é isso o que tememos: o não ter certezas.

Por isso, trocamos o voo por gaiolas.

As gaiolas são o lugar onde as certezas moram."

Se você ainda não está pronto para saltar no vazio, comece por descobrir quais são as gaiolas em que tem morado. Depois, reflita se vale mesmo a pena trocar uma tentativa de realizar por uma gaiola conhecida, que parece inofensiva, confortável, mas na verdade, só apequena e aprisiona as suas possibilidades nas grades da covardia.

Não sou partidária de radicalismos nem de perfeccionismos. Prefiro o caminho do meio, no qual mora a opção que coaduna inteligência&preparação. Use a estratégia como paraquedas, não há contraindicação.