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Um gigante menino

  • Foto do escritor: Susan Duarte
    Susan Duarte
  • 7 de set. de 2022
  • 4 min de leitura

Atualizado: 16 de jan.

200 anos de idade e o Brasil ainda é um menino.


Eu não sei se a gente escolhe o país que nasce. Há quem diga que sim. Eu não digo. Reservo-me o direito de afirmar apenas o que (acho que) sei e, no máximo, aquilo de que desconfio.


Mas, cá entre nós, que sorte a minha: tendo escolhido ou não, graças a Deus eu nasci no Brasil!

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Ainda criança, sem discernimento formado, comecei a ouvir um canto, um lamento, daqueles céticos de coração, que repetidamente diziam:

O Brasil? Ame-o ou deixe-o.

Sempre soube que o mundo era grande. Desde cedo, acreditei genuinamente no uso prático e livre dos meus pés. Na minha fase cidadã do mundo, rodopiei por aí. Em meus pés nunca tive raiz; do meu coração, não posso declarar o mesmo - sua essência é bem brasileira. Por (des)caminhos da vida, deixei o Brasil. E foi justamente aí que aprendi a amá-lo. Gonçalves Dias não foi somente poético; ele foi literal. As aves, que aqui gorjeiam, (de fato!) não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.

Não. Não sou a Polyana e nem vivo no País das Maravilhas. Eu sei que temos problemas, violência, desigualdades gritantes, crueldades lancinantes. Todavia, eu vivo no país do céu de brigadeiro, e só por um momento, é a partir desta luz que decido escrever.


Minha maior saudade do Brasil, além do brigadeiro, era da nossa alegria. Não há gente mais acolhedora e afetuosa do que a nossa. A nossa gente que não corre da raia a troco de nada, que não foge da fera, enfrenta o leão, do nosso jeitinho e, ainda arruma tempo de sorrir&sambar pelo caminho.


Recém chegada em solo brasileiro, já saía do aeroporto à procura de uma padaria, saudosa de uma boa conversa de botequim. Não só eu: Noel Rosa costumava pedir o mesmo também.

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa uma boa média que não seja requintada, um pão bem quente com manteiga à beça.

Um café e uma recheada de padaria. Mais brasileiro do que isso só a nossa música. Não houve canto desse mundo em que estive que eu não tenha ouvido os acordes inconfundíveis da nossa Garota de Ipanema, um triunfo de nossa Bossa Nova, The Girl from Ipanema lá fora.


Fernando Pessoa foi português, Ernest Hemingway, americano, e Machado de Assis nasceu brasileiro. Graças a Deus! Haha. Aos ressentidos que já citei, que insistem em culpar o nosso menino por tudo, respondo com Dom Casmurro.

Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando ao invés de fazer acontecer.

Obrigada, Joaquim Maria, brasileiro, Machado, negro, de Assis, e gênio.


2022 é ano de Copa do Mundo. Nosso menino, veja só, é pentacampeão. Pra frente Brasil, salve a seleção! 2022 é ano de eleição. E já revelo meu voto; meu partido é um coração partido, tal como a Ideologia de Cazuza. Ainda assim, a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar. E por isso, sigo sonhando. Acordei noite dessas e, pasme, no meu sonho, justo em outubro próximo, o Brasil inteiro tinha dado as mãos!


Outra que escutei muito:

O Brasil? É o país do futuro.

Seria o Brasil o país do futuro? Meu discernimento nasceu faz alguns anos e a essa questão não me esquivo de responder:

Não, não somos uma promessa; o Brasil não é um vir a ser.

Não somos mera potência. Já viramos ato há 200 anos. Ele é um gigante por sua própria natureza. Um gigante hoje. Agora. E, quiçá, será Davi amanhã, vitorioso, ao derrotar, junto de sua gente, cada uma das mazelas de Golias que ainda o fazem sangrar.

Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro, vou cantar-te nos meus versos vou cantar meu Brasil, declarava como um brado retumbante a voz de Gal Costa nos idos anos de 1980.


Agradeço a este solo, a ti Brasil. Motivo és para sempre, de orgulho e carinho, ao meu coração. Sou filha deste solo cuja mãe gentil, és tu, minha pátria amada. Obrigada, Brasil, meu gigante menino!


Até sempre,

Susan Duarte

Ceo & Founder Zeitgeist iD | A sua marca no espírito da época.

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POOL DE REFERÊNCIAS

  1. História do Brasil pra quem tem pressa. Livro de Marcos Costa. https://amzn.to/3TU5NY8

  2. Brasil: Uma biografia. Livro de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling. https://amzn.to/3eEzOLy

  3. Machado de Assis. Livro Dom Casmurro. https://amzn.to/3BnW8BM

  4. Gonçalves Dias. A canção do exílio.

  5. Gonzaguinha. Canção E vamos a luta!

  6. Noel Rosa. O samba Conversa de botequim.

  7. Tom Jobim. Garota de Ipanema.

  8. Pra frente Brasil, tema da Copa do Mundo de 70.

  9. Cazuza. Canção Ideologia.

  10. Elis Regina. O bêbado e o equilibrista.

  11. Aristóteles. Conceito de ato e potência.

  12. Mito de Davi e Golias.

  13. João Gilberto. Aquarela do Brasil, Gal Costa.

  14. Hino Nacional Brasileiro. Letra: Joaquim Osório. Música: Francisco Manuel da Silva.



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