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Pais & Filhos & Filhas

  • Foto do escritor: Susan Duarte
    Susan Duarte
  • 20 de out. de 2023
  • 3 min de leitura

Eu ainda não sou mãe.

Não tenho esse lugar de fala. Mas sou filha. E passei por isso. Deixo aqui o meu apelo:

Pais, não façam de seus filhos terapeutas relacionais.

Não falem de seus problemas conjugais com os filhos. Tenham eles 4 ou 40 anos, diante de vocês, sempre quem responde é a criança interior deles.


A primeira lei da constelação é a ordem. Quem veio antes tem precedência sobre quem veio depois. Diante da minha mãe, sempre serei a pequena. Diante da minha futura filha, sempre serei a grande. O casal vem primeiro, tem precedência na família. O casal começa a família e multiplica-a. Tal precedência é a Ordem.


É um costume antigo, arraigado no inconsciente coletivo, relatar problemas e intimidades conjugais com familiares e amigos. Parece inofensivo, mas tal ato gera desordem e perpetua a dor. Só nos afasta da solução criativa, enquanto reproduz o sofrimento.

Álbum de Família. Juliana Rabelo, 2019.
Álbum de Família. Juliana Rabelo, 2019.

Nós temos papéis. E dentro deles, há uma ORDEM. Se a minha mãe vem me contar sobre um problema dela com o meu pai, ela está misturando a posição de mãe com a de esposa e mulher. Inconscientemente, pela lei do pertencimento, em lealdade cega, minha criança interior irá procurar um jeito de "salvá-la".


As estratégias inconscientes são diversas: tomar as dores da mãe, ficando contra o pai; se achar maior do que a mãe, ao tentar resolver a vida dela, decaindo em julgamento à ela; crescer e fazer exatamente igual à ela, em evidente lealdade cega à dor e ao destino da mãe.


Todas as opções são catastróficas. Porque conduzem o filho ao sofrimento perpétuo em prol de algo que nada pode fazer. Para Bert, "os pais não devem contar a seus filhos acerca de suas dificuldades matrimoniais". Em outro frase, ele reitera: "Um filho não deve nunca conhecer detalhes que pertencem ao relacionamento de casal dos pais, a intimidade deve ser protegida".


O casamento dos meus pais é jurisdição deles; o meu relacionamento, jurisdição minha.


A via reversa é tão válida quanto. Se eu ligar pros meus pais relatando queixas e problemas do meu relacionamento, estou me infantilizando diante deles, além de criar um revanchismo entre eles e o genro.


A sua melhor amiga, a sua mãe, o seu filho não devem saber sobre o seu relacionamento. PONTO. Pais: sejam adultos. Filhos: se assumam adultos e resolvam a própria vida. Ah, mas Susan, com quem eu vou desabafar os problemas com meu cônjuge?

Muito simples: aprenda a sentar na mesa certa.
Apaixonados iv. Juliana Rabelo, 2019.
Apaixonados iv. Juliana Rabelo, 2019.

Se eu tenho um problema com o Jean Lucas, vejo 4 opções: desabafar com meu diário, construindo clareza, acessando meu discernimento; conversar com o dito cujo - o próprio JL, quantas vezes forem necessárias; procurar um orientador espiritual sábio, que conheça a natureza humana; buscar uma terapia individual ou de casal.


Todas elas incluem a busca madura de uma solução, via oposta à exposição e ruminação. Nenhuma delas inclui ligar pra minha melhor amiga, reclamar com a minha sogra, chorar no colo da minha mãe, pedir conselhos à minha prima. Já cometi esse erro e aprendi, acredite em mim - não vale a pena.


A miséria adora companhia. Não faça de suas dores e dificuldades um espetáculo para angariar atenção.

Respeite-se.

E a partir do autorrespeito, respeite o seu cônjuge. Um relacionamento a dois contém, fisicamente, 2; metafisicamente, são 4 - cada membro do casal com a sua criança interior. Delimite a sua relação a vocês 4. Apenas. Isso é um outro jeito de honrar e respeitar quem escolheu dividir a vida com você.

Escolha ser leal na Ordem do Amor, não na dor.

Cresça.

Amadureça.

Simplifique.


A simplificação é o mais elevado grau de sofisticação.


Até sempre,

Susan

Founder Zeitgeist iD | A sua marca no espírito da época.

Creator Artesania da Palavra | O meu blog no espírito da época.

Susan Duarte©Copyright 2023.


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